
Sabe que tem uma coisa engraçada em voltar pra casa? A gente revê os pais, os irmãos, os amigos, os conhecidos, os vizinhos... e tudo continua igual. Sai na rua, vai num shopping center, num bar, numa boate... e tudo continua igual.
É uma delícia reencontrar as pessoas que a gente gosta e sentir que a confiança e o companheirismo continuam os mesmos, lógico; na verdade eu nem sei o que raios eu esperava que tivesse mudado nesses meses... Mas é estranho pensar que tudo continua exatamente do mesmo jeito: é como se o tempo tivesse congelado pra que eu pudesse viver no exterior e estivesse aqui, bonitinho, me esperando voltar. O pior é que todo mundo que me vê também diz: “nossa, você tá igualzinha!”.
Só ainda não descobri se isso é bom ou mau...
Quando eu tava no colegial li um conto sobre um grupo de homens primitivos que viviam em uma caverna, e tudo que eles viam no exterior eram sombras. Um dia, um dos homens resolveu sair pra ver como eram de perto essas sombras, e descobriu um mundo cheios de formas, cores e cheiros. Ele resolveu voltar para a caverna e contar para os seus companheiros tudo que tinha visto do lado de fora; os outros não acreditaram nele e, incapazes de aceitar algo diferente da sua realidade, o mataram.
Às vezes tenho um pouco essa sensação. Não que eu seja paranóica e ache que todos estejam contra mim, mas parece que nunca mais vou ser capaz de ver a realidade da mesma maneira.
Não é o mundo o que muda... são os nossos olhos.