No clima português das postagens, uma lenda que adoro - e que justifica o mais popular dos souvenires de quem visita terras lusas.
A lenda do Galo de Barcelos
Os habitantes do burgo andavam alarmados com um crime e, mais ainda, por não se ter descoberto o criminoso que o cometera.
Certo dia, apareceu um galego que se tornou suspeito. As autoridades resolveram prendê-lo e, apesar dos seus juramentos de inocência, ninguém acreditou. Ninguém julgava crível que o galego estivesse a caminho de Santiago de Compostela em cumprimento de uma promessa; que fosse fervoroso devoto do santo que em Compostela se venerava, assim como de São Paulo e de Nossa Senhora. Por isso, foi condenado à forca.
Antes de ser enforcado, pediu que o levassem à presença do juiz que o condenara. Concedida a autorização, levaram-no à residência do magistrado, que nesse momento se banqueteava com alguns amigos. O galego voltou a afirmar a sua inocência e, perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que estava sobre a mesa e exclamou:
- É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem.
Risos e comentários não se fizeram esperar, mas pelo sim e pelo não, ninguém tocou no galo.
O que parecia impossível, tornou-se, porém, realidade!
Quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo assado ergueu-se na mesa e cantou. Já ninguém duvidava das afirmações de inocência do condenado. O juiz correu à forca e, com espanto, viu o pobre homem de corda ao pescoço, mas o nó lasso, impedindo o estrangulamento. Imediatamente solto, foi mandado em paz. Passados anos, voltou a Barcelos e fez erguer o monumento em louvor à Virgem e a São Tiago.
domingo, 7 de setembro de 2008
sábado, 6 de setembro de 2008
Portugal 3: Fátima e Coimbra
Num dos meus últimos meses morando na Espanha, eu e uma amiga brasileira resolvemos passar um fim de semana em Portugal. Eu já conhecia Lisboa, então quis aproveitar para conhecer outras cidades, o que resultou num roteiro um tanto quanto kamikase: sairíamos na sexta de madrugada de Salamanca, chegaríamos de manhã em Fátima, onde visitaríamos a famosa basílica; de lá, iríamos para Coimbra, onde passaríamos a tarde, e no início da noite rumaríamos pra Porto, onde dormiríamos e passaríamos o sábado; no domingo, minha amiga iria para Lisboa e eu iria ficar até a tarde, quando voltaria para a Espanha.
Mas, como viajante que é viajante tem que ter suas aventuras, essa foi uma daquelas viagens em que quase tudo deu errado. Primeiro erro: ir de trem ao invés de ir de ônibus, igualmente pouco confortável, mas mais barato. Segundo erro: apesar de termos pedido ao funcionário, ele não nos avisou qual era a parada de Fátima (que tampouco foi anunciada pelo condutor) – resultado: tivemos que descer na parada seguinte e esperar mais de meia hora pelo próximo trem no sentido contrário. Chegando à estação (agora correta), descobrimos que o primeiro erro havia sido pior do que pensávamos: a estação de trem ficava numa área afastadíssima da cidade (ao contrário da estação de ônibus, que ficava a 5 minutos a pé da basílica). Um taxista nos abordou e disse que estávamos há 40 minutos do centro e que todos os táxis faziam o percurso a um preço fixo, mas não nos deixamos intimidar e fomos a um abandonado ponto de ônibus, onde não havia ninguém senão um alemão que não falava nadica de nada de outra língua que não fosse a dele. Através de mímica, descobrimos que ele estava ali há meia hora e, como não havia qualquer indicação da freqüência de ônibus (nem de que, sinceramente, algum dia passaria algo parecido com um ônibus por ali), esperar não nos pareceu uma idéia interessante. Então, munidas de papel e caneta, o convencemos a rachar um táxi conosco até a basílica, no qual ele entrou mudo e saiu calado, enquanto nós conversávamos com o providencialmente simpático taxista.
Concentramos nossa visita basicamente à área central, o que é uma pena, pois adoro ver a vida “real” das cidades, fugindo dos roteiros excessivamente turísticos e repletos de lojinhas de souvenirs. Depois da visita à basílica, com direito a escrever um pedido de oração e acender uma vela pelas intenções que quisemos – emocionante, ainda que houvesse visitantes que mais pareciam estar fazendo piquenique do que visitando um templo religioso –, saímos chispadas rumo à estação de ônibus, onde pegamos nosso transporte até Coimbra (ainda que não tenhamos conseguido comprar passagens de estudantes, disponíveis em quase todas as companhias, menos na que fazia aquele trecho).
Admito que me arrependi de já ter reservado o hotel para a cidade seguinte, pois Coimbra é uma cidade fofíssima! Logo que chegamos, nossa cara-de-pau tupiniquim nos fez entrar em um hotel para pedir um mapa, já que não havia nenhum disponível na rodoviária – e o atendente, super educado e paciente, não só nos deu um mapa ótimo como sinalizou todos os locais que achava mais interessante que visitássemos. Adorável.
Percorrendo a cidades, confirmamos que, na “Cidade dos Estudantes”, a Universidade de Coimbra é uma parada imperdível, com destaque para a linda Biblioteca Joanina e o interessante Cárcere Acadêmico. Como Salamanca, lá também há duas catedrais, a Sé Velha e a Sé Nova; a primeira data do século XII e segue a linha românica, enquanto a segunda foi fundada no final do século XVI numa mescla de influência clássica com barroca. Como adoradora de áreas populares e encantada por ladeiras e caminhos tortuosos, fiquei zanzando pela área da Praça do Comércio e todas as suas muitas lojinhas, onde “precisei” comprar uma bandeirinha da minha segunda pátria. Fomos à Torre da Almedina, onde fica o Museu da Cidade, no qual há maquetes, vídeos e animações que nos mostram como funcionava o sistema de defesa da Coimbra da era medieval, e também possui uma vista muito bacana do entorno do museu e suas ruelas.
Depois do almoço, cruzamos o Rio Mondego por sobre a Ponte de Santa Clara e fomos até a Quinta das Lágrimas, palácio do século XIX que foi cenário do romance de Pedro e Inês, Romeu e Julieta portugueses. O local agora é um hotel, mas pudemos visitá-lo e ir até a Fonte dos Amores, encontrando plaquinhas e sinalizações da história pelo caminho. Andamos, andamos, andamos e, na hora de ir embora, cadê o portão de saída? Trancado!
Novamente a cara-de-pau tupiniquim nos fez pular um murinho, olhando atentamente para os lados, com medo de estarmos fazendo algo errado. Cruzamos novamente o Mondego, agora pela Ponte Pedro e Inês, exclusiva de pedestres, e contornamos o Jardim Botânico, infelizmente fechado, até o interessante Aqueduto de S. Sebastião.
De lá, nos restava tempo apenas para um gole d’água e seguir pelo entorno do Jardim até a moderna Avenida Fernão Magalhães, percorrendo nelas as quadras que nos separavam da estação de ônibus e, conseqüentemente, do nosso próximo destino: o Porto.
PS.: Retribuindo a gentileza: o recepcionista simpático trabalhava no Almedina Coimbra Hotel (Av. Fernão de Magalhães, 199).
Mas, como viajante que é viajante tem que ter suas aventuras, essa foi uma daquelas viagens em que quase tudo deu errado. Primeiro erro: ir de trem ao invés de ir de ônibus, igualmente pouco confortável, mas mais barato. Segundo erro: apesar de termos pedido ao funcionário, ele não nos avisou qual era a parada de Fátima (que tampouco foi anunciada pelo condutor) – resultado: tivemos que descer na parada seguinte e esperar mais de meia hora pelo próximo trem no sentido contrário. Chegando à estação (agora correta), descobrimos que o primeiro erro havia sido pior do que pensávamos: a estação de trem ficava numa área afastadíssima da cidade (ao contrário da estação de ônibus, que ficava a 5 minutos a pé da basílica). Um taxista nos abordou e disse que estávamos há 40 minutos do centro e que todos os táxis faziam o percurso a um preço fixo, mas não nos deixamos intimidar e fomos a um abandonado ponto de ônibus, onde não havia ninguém senão um alemão que não falava nadica de nada de outra língua que não fosse a dele. Através de mímica, descobrimos que ele estava ali há meia hora e, como não havia qualquer indicação da freqüência de ônibus (nem de que, sinceramente, algum dia passaria algo parecido com um ônibus por ali), esperar não nos pareceu uma idéia interessante. Então, munidas de papel e caneta, o convencemos a rachar um táxi conosco até a basílica, no qual ele entrou mudo e saiu calado, enquanto nós conversávamos com o providencialmente simpático taxista.
Concentramos nossa visita basicamente à área central, o que é uma pena, pois adoro ver a vida “real” das cidades, fugindo dos roteiros excessivamente turísticos e repletos de lojinhas de souvenirs. Depois da visita à basílica, com direito a escrever um pedido de oração e acender uma vela pelas intenções que quisemos – emocionante, ainda que houvesse visitantes que mais pareciam estar fazendo piquenique do que visitando um templo religioso –, saímos chispadas rumo à estação de ônibus, onde pegamos nosso transporte até Coimbra (ainda que não tenhamos conseguido comprar passagens de estudantes, disponíveis em quase todas as companhias, menos na que fazia aquele trecho).
Admito que me arrependi de já ter reservado o hotel para a cidade seguinte, pois Coimbra é uma cidade fofíssima! Logo que chegamos, nossa cara-de-pau tupiniquim nos fez entrar em um hotel para pedir um mapa, já que não havia nenhum disponível na rodoviária – e o atendente, super educado e paciente, não só nos deu um mapa ótimo como sinalizou todos os locais que achava mais interessante que visitássemos. Adorável.
Percorrendo a cidades, confirmamos que, na “Cidade dos Estudantes”, a Universidade de Coimbra é uma parada imperdível, com destaque para a linda Biblioteca Joanina e o interessante Cárcere Acadêmico. Como Salamanca, lá também há duas catedrais, a Sé Velha e a Sé Nova; a primeira data do século XII e segue a linha românica, enquanto a segunda foi fundada no final do século XVI numa mescla de influência clássica com barroca. Como adoradora de áreas populares e encantada por ladeiras e caminhos tortuosos, fiquei zanzando pela área da Praça do Comércio e todas as suas muitas lojinhas, onde “precisei” comprar uma bandeirinha da minha segunda pátria. Fomos à Torre da Almedina, onde fica o Museu da Cidade, no qual há maquetes, vídeos e animações que nos mostram como funcionava o sistema de defesa da Coimbra da era medieval, e também possui uma vista muito bacana do entorno do museu e suas ruelas.
Depois do almoço, cruzamos o Rio Mondego por sobre a Ponte de Santa Clara e fomos até a Quinta das Lágrimas, palácio do século XIX que foi cenário do romance de Pedro e Inês, Romeu e Julieta portugueses. O local agora é um hotel, mas pudemos visitá-lo e ir até a Fonte dos Amores, encontrando plaquinhas e sinalizações da história pelo caminho. Andamos, andamos, andamos e, na hora de ir embora, cadê o portão de saída? Trancado!
Novamente a cara-de-pau tupiniquim nos fez pular um murinho, olhando atentamente para os lados, com medo de estarmos fazendo algo errado. Cruzamos novamente o Mondego, agora pela Ponte Pedro e Inês, exclusiva de pedestres, e contornamos o Jardim Botânico, infelizmente fechado, até o interessante Aqueduto de S. Sebastião.
De lá, nos restava tempo apenas para um gole d’água e seguir pelo entorno do Jardim até a moderna Avenida Fernão Magalhães, percorrendo nelas as quadras que nos separavam da estação de ônibus e, conseqüentemente, do nosso próximo destino: o Porto.
PS.: Retribuindo a gentileza: o recepcionista simpático trabalhava no Almedina Coimbra Hotel (Av. Fernão de Magalhães, 199).
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