domingo, 27 de janeiro de 2008

domingo, 13 de janeiro de 2008

Salamanca, mi pasión

Tenho uma amiga que está de férias na Espanha e pediu que eu fizesse um roteirinho de visitação para Salamanca, cidade onde vivi por meio ano. Como sou prolixa até escrevendo, fiz um roteirão para quem quiser passar um fim de semana nessa cidade linda - ainda que eu ache que é pouquíssimo tempo.

Como quase toda cidade espanhola, poucas coisas funcionam no domingo, então vou concentrar a programação no sábado. CHEGUE CEDO, tem coisas que fecham sábado à tarde tb, você vai precisar checar o que funciona ou não, ok?
O trajeto Madri-Salamanca demora 2h30, de ônibus ou trem. Se for de ônibus, quando tiver passado boa parte da viagem e estiver chegando em Salamanca (você vai ver o Rio Tormes à direita), olhe e veja as Catedrais ao longe: pra mim é uma das vistas mais bonitas que já observei. Outra coisa: se já souber o horário da volta, compre ida e volta junto, sai mais barato.
Bom, como a cidade é pequena, dá pra andar a pé pra todo lado, independente de se for de trem ou ônibus. Aproveite e cheque o mapa ao lado (já que provavelmente vai chegar sem um) pra ver o caminho até o hotel/hostal – no mapa não aparecem as estações, mas eu explico os caminhos até a Plaza Mayor.
A estação de ônibus fica na Av. Filiberto Villalobos (à esq. do Campo de S. Francisco no mapa): saia da estação pela porta principal, vire à direita e siga sempre reto: Filiberto Villalobos, Ramón y Cajal, Calle Prior e já está na Plaza Mayor. Demora uns 20 min.
A estação de trem fica no Paseo de la Estación (à dir de onde tá escrito Labradores no mapa): saia da estação pela porta principal, vire à esquerda e siga sempre reto: Paseo de la Estación e Azafranal, depois já está na Plaza Mayor. Demora uns 25-30 min.

Chegando lá, algumas atividades que você deveria fazer:

Dia 1

1. Vá a Oficina de Turismo da Plaza Mayor e pegue um mapa (viajante que é viajante tem que ter mapa!). Depois, sente num dos banquinhos e procure no mapa os lugares que indiquei. Agora pare e aproveite para olhar a praça, é linda. Na quina entre o lado do relógio e a parede da direita, tem um busto de Franco, retratando o passado um tanto quanto reacionário da cidade. Aliás, todas as pessoas retratadas ao redor são personalidades, políticos e intelectuais em geral (localizado exatamente oposto ao Franco tá o Cervantes – procura um que parece a imagem que temos de Shakespeare, hehe).
2. Já que está aí perto, saia pela saída abaixo da cara do Franco, atravesse a rua e dê uma olhada no mercado municipal (só funciona pela manhã). Procure e encontre todas as parte que você nunca viu de um boi, eles não desperdiçam nadinha – e é superbacana ver os cérebros, estômago, órgãos genitais etc. Tudo muito higiênico e organizado, claro.
3. Visite a Universidad de Salamanca. Tem salas e pátios muito bonitos, e a biblioteca é superlegal. E não esqueça de procurar “la rana” na porta: há uma lenda na cidade que quem consegue encontrar a rã esculpida dentre as muitas imagens na porta da universidade volta a Salamanca, por isso sempre tem um grupo de pessoas ali tentando encontrar o bichinho!
4. Visite a Universidad Pontificia – é meio chato ter que fazer visita guiada, eu sei, mas a Universidade é lindíssima. E tem que ficar atento aos horários de visita – entre e pergunte quando será a próxima.
5. Aproveite que talvez tenha que esperar um pouquinho e dê uma olhada nas lojinhas de souvenires da Calle Companía e da Rúa Mayor. Mesmo se não tiver que esperar, depois da visita passe por ali e olhe na esquina a Biblioteca Municipal, a Casa de las Conchas (vendo a fachada é automático descobrir a razão deste nome). Entre, veja o pátio interno, suba a escada e olhe desde o mezanino. Aí pense que ano passado, no Festival de Artes de Castilla y León, tinha apresentações de música eletrônica ali, toda noite, sob o céu azulíssimo. Inolvidable!!
6. Da Rúa Mayor, pegue uma das callecitas até a San Pablo (Palominos, Jesús, Felipe Espino etc), dê um oi pro Colombo na praça dele e pegue a Juan de La Fuente até o Convento de San Esteban. É um lugar lindo, maravilhoso, que deve ser visto com calma, atentando aos detalhes.
7. Hora de almoçar! Se quiser comer uma coisinha só, aproveite que está “muy cerquita” e vá à Gran Vía, no Leonardo e peça um pedaço (ou dois, três...) de tortilla. Do outro lado da rua, mais perto do San Esteban, tem um café chamado Scherzo (o dono de lá é bem legal). Senão, pegue a rua quase lateral do Convento (perpendicular a Gran Vía), Calle Rosário e vá ao Trastero.
Se quiser almoço "de verdade", comi uma vez num restaurante perto das Catedrais que chamava algo com Luna, mas não lembro bem onde fica. Também tem um restaurante numa esquina da Calle Zamora que uma amiga disse que fazia uma boa paella.
8. Barriguinha cheia, vá visitar as Catedrais! Na fachada da lateral velha, no lado que fica em frente à Faculdade de Letras (Colegio de Anaya), siga o fluxo e vá procurar o astronauta perto de uma das portas (há vários outros símbolos contemporâneos, colocados quando fizeram a restauração da parte inferior – veja a diferença na cor da pedra nas partes inferior e superior). Entre nas catedrais e suba até as torres (procure o escrito Ieronimus), a vista é beeeeem legal!!
9. Aproveite que está pertinho e visite o “Huerto de Calixto y Melibea”, Romeu e Julieta espanhóis. O Jardim é fofíssimo e parte da muro que dá para o lado do rio compunha a antiga muralha medieval da cidade.
10. Vá até a Casa Lis, o Museu de Art Nouveau e Art Deco da cidade. Se estiver aberto, visite, senão vá ao lado oposto pra ver como são incríveis aqueles vitrais! E de lá dá pra ver de pertinho o que resta do muro (é a parte que não é lisinha).
11. Aí você já está às margens do Rio Tormes! Deste lado do rio, veja a estátua do Lazarillo de Tormes, outra história importante da literatura espanhola, e também a estátua do touro sem cabeça. Aproveite que a tarde já deve estar caindo e atravesse el Puente Romano, com calma, pensando na vida. Quando chegar ao outro lado, veja as catedrais ao longe, lindas e imponentes.
Espere ali pelo pôr-do-sol e pense como a natureza é perfeita... E tire muitas fotos!

Pronto, hora de ir pra casa, tomar um banho e se preparar para a noite!

À noite...
1. Umas 21h, saia de casa e vá para o paraíso boêmio-culinário de Salamanca: a calle Van Dyck. É longe do centro, mas é freqüentado pelos salmantinos tem comida e bebida a preços muito mais baixos do que nos arredores da Plaza Mayor.
Indo da Plaza Mayor, o caminho é pegar a Calle Toro até o final, seguir pela Mª Auxiliadora até cruzar a Av. de Portugal – é a 3ª rua a esquerda. Procure um restaurante à esquerda que chama “ La Encina ”, um bar barato com uma comida ótima. Peça uma porção de “Patatas Bravas” (minha comida de buteco preferida) e uma sangria (a de lá era ótima!). Se não, peça uma caña com limón (chopp com limão, mas é bom, não é aquela nhaca lemon que tem aqui no Brasil). Lá também tem carne e outras tantas comidinhas dos bares espanhóis (além do cardápio, costuma ter tipo uma vitrininha com algumas coisas – pode-se pedir raciones [porções] ou pinchos, que é uma quantidade individual.
Se não estiver com pique de ir até lá, numa das saídas da Plaza Mayor, Calle Prior (a rua do Burger King) tem um restaurante que chama Bambu, onde o pessoal ia muito. Mas nada de ir no Burger King, hein?? Aproveite pra xeretar os estabelecimentos locais!!!
2. Depois de comer bem (principalmente se for na Van Dyck!!!), volte até a Plaza Mayor para vê-la acesa – aquelas paredes iluminadas, douradas, são daquelas visões que vc nunca esquece.

Agora... roteiro etílico! Antes de mais nada, assumo que os meus bares preferidos são os de turista (exceto o Centenera)... mas não to nem aí: são divertidíssimos!!
3. La Chupitería : pegue a saída da Calle Pior e vá reto até chegar numa pracinha; a chupitería fica à direita, na frente da pracinha (na verdade, é mais um quadrado de grama do que uma praça propriamente dita). A maioria dos shots, inclusive tequila, custam 1 euro; se preferiralgo com bem pouquinho teor alcoólico, tome o “Chupito de la casa”, que mais parece uma sobremesa q um drink (1,70 euro). Uma amiga sempre tomava o “Licor de piruleta”, tipo um pirulito líquido, mas pra mim é absurdamente doce. Alguém mais corajoso pode escolher o “Diablo verde”, mas já aviso que tomei um gole uma vez e achei, literalmente, uma coisa dos infernos, argh. É bacana pra ficar lá ouvindo música e conversando com as pessoas. Aliás, se ainda for antes da meia-noite, não estranhe se tudo ainda estiver meio vazio.
4. Saia da Chupitería à direita (sem tropeçar!), vire à direita e siga reto uns metros até ver o Camelot à esquerda (à direita vão te dar vários flyers de não-sei-quantos-chupitos-por-não-sei-quanto, mas ignore, são de má qualidade). Vale uma entradinha no Gatsby, pra vc ver que bizarramente há uma piscina ali dentro (felizmente nunca vi ninguém usar). Entre no Camelot, dance um pouco, veja a decoração, suba no andar de cima pra ver como é etc.
5. Volte por fora da Plaza Mayor e dê uma passada no Tintín, um bar com a decoração toda desse personagem de desenho, bem fofo. Muitas vezes há meninas na Plaza Mayor distribuindo flyers de lá - às quartas-feiras o cuba libre era 1 euro.
6. De lá, vá à Gran Via e conheça o Centenera! (se não me engano, fica entre as calles San Justo e J. de Almeida) Adoro a decoração, cheia de quadros, que pode garantir uma foto ao lado da Monalisa. E o Roberto, o barman principal (de cabelo longo, com dread) é um fofo, super simpático!! Além disso, é um dos poucos bares que eu AMO que tem mais espanhóis que turistas.
Se não tiver muita gente lá, volte até a esquina e vá para o...
7. Medievo!!! Como não é dia de semana, não tem barra libre, mas a sangria (ou calimocho ou cerveja) custava 2 euros. Era o melhor lugar pra dançar (beber com economia, no caso da barra libre - de segunda à quinta, open bar por 4 euros das 23 às 3h). Fecha umas 4h da manhã, então se ainda tiver pique, o negócio é mudar para o...
8. Kandhavia (siga pela Gran Vía, sentido oposto ao San Esteban, até chegar num relógio de chão da Vodafone à sua esquerda; vire nele e pegue a segunda à direita. Você estará numa bifurcação, mas pegando a rua da direita e mais uns passos já verá o Kandhavia à sua direita. Lá normalmente dá pra ficar até umas 7, 8h da manhã.
E é isso! Agora é bom dormir porque ainda tem mais um dia de passeio. Está com fome? Passe no 24h da Gran Vía e peça uma napolitana!! Custa 1 euro e é ótima!! Minha preferida é a de chocolate, mas as de atum e presunto e quejo também eram ótimas.
IMPORTANTE: quando for pra balada, sempre leve um mapa no bolso; melhor pagar mico olhando mapa do que correr o risco de se perder estando meio alegre, né? Não tem perigo, mas é melhor não abusar, é ruim se perder num país diferente.

Dia 2:

Como no segundo dia vai ter bastante coisa fechada, eu sugiro:
1. Tome chocolate com churros de café da manhã! O lugar mais típico é a chocolateria “Valor”, que fica pros lados das Universidades (Calle los Libreros 14). Mas, como tudo que é tradicional, é um pouquinho mais caro. Se preferir, vá na Las Torres, na Plaza Mayor, quase embaixo do relógio.
2. Vá à Plaza Mayor lá pras 11 da manhã, onde sempre rola um furdunço, uma apresentação de dança típica, música típica etc, sempre bacana.
3. De lá, pegue a Calle Zamora e ande observando os edifícios (se quiser, vá pela Calle Toro, “a” rua do comércio de Salamanca, mas vai estar tudo fechado... Volte lá durante a semana.). Veja o Banco de España logo no início à direita e, no finalzinho dela, à esquerda, dê uma olhada na Iglesia de San Marcos, a única igreja redonda que já vi.
4. Dali, siga reto pelo Paseo del Doctor Torres Villaroel até o fim, e você estará na Plaza de Toros: não é exatamente tão perto, mas é fácil de ir e lá você pode tirar fotos da Plaza por fora e das estátuas do touro e do toureiro.
5. Um bom programinha de tarde seria ir ao Parque de los Jesuítas (não consta neste mapa que inseri, mas é do lado direito, um pouco depois do Paseo Canalejas): um parque bem bonito, onde o pessoal ia jogar bola e onde todo mundo toma sol no verão (na grama mesmo, como bom europeu!).
E volte feliz e cansado pra Madrid!

Há outros museus, conventos, praças etc, mas acho que esse roteiro seria ideal pra um fim de semana - ainda que ninguém em sã consciência deve-se passar tão pouco tempo numa cidade tão incrível!

"Qué lo pases de muy bien!!" (vulgo divirta-se pra caramba!!)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Mi Buenos Aires querido!

Terminei o ano com uma passadinha em BsAs... Cidade charmosíssima, meio América do Sul, meio Europa, com cafés e casas de tango por toda parte e uma mescla entre arquitetura tradicional e moderna.

A cidade é composta por bairros muito diferentes entre si, que parecem mais pequenos municípios independentes, de tão distintos que são. Como ir a Buenos Aires sem conhecer o Caminito? Não dá, assim como também não dá para se notar que aquela é uma parte mais pobre da cidade, que concentra basicamente nessa rua a visitação turística.


Para ver o que há de moderno, temos que ir a Puerto Madero, com suas pontes e seus edifícios comerciais, além de seus restaurantes. Vá também ao Obelisco, e aproveite para atravessar várias vezes a 9 de Julio, a maior avenida do mundo.
Se você quer ver o lado mais hype, visite Palermo, conheça suas lojas modernas e os estabelecimentos com gastronomia "de autor".
De noite, um barzinho cai bem? Dê uma passadinha em Las Cañitas, "o novo Palermo", veja a gente na rua, as decorações diferenciadas e note o agito que rola por ali - ainda que no fim da noite o bacana é voltar pra Puerto Madero pra dançar.
Visite os museus da cidade, com destaque para o de Bellas Artes e o Malba (onde está o Abaporu, da Tarsila do Amaral). Aproveite que está pelos arredores e dê uma olhada no Parque de la Flor e decida o que acha da gigantesca flor metálica que se abre e fecha no decorrer de cada dia.

Também não se deve abrir mão do espírito político da cidade: veja a Praça de Maio, onde se reuniram tantas mães desesperadas e ainda se reúnem manifestantes de todos os tipos; presenciei uma passeata que atravessou toda a Avenida de Maio até a praça - organizadíssima, diga-se de passagem.
Outras coisas que devem fazer parte de um roteiro em BsAs:
- Pare várias vezes nos cafés e não deixe de experimentar os alfajores Havanna, dos melhores que já experimentei;
- Vá a um show de tango (dê uma pesquisada para não ir naqueles excessivamente turísticos);
- Visite as lojas de decoração, com produtos a preços ótimos;
- Jante num restaurante modernoso e aprecie a boa gastronomia;
- Perca-se pela cidade: a pé, de metrô, de ônibus, de táxi (todos os meios de transporte são muito mais baratos). Ande, veja a paisagem, olhe as pessoas... sinta-se parte de BsAs!

O melhor e o pior da cidade:
O melhor é trocar nosso dinheiro por pesos... com a cotação tão favorável, você se sente quase rico! hehe
O pior é pensar que sempre esteve aqui do lado e eu ainda não conhecia!

Por isso, se for a Buenos Aires... qué lo pases bien!

Ano novo, post novo

Feliz 2008!

Começo o ano com mais um "Eu, escrevendo por aí":

Um dia n'O Porto
http://giropelomundo.com/content/view/173/1/

Confira!