domingo, 28 de março de 2010

A Semana Santa na Espanha

Datas festivas tem diferentes graus de importância em cada cultura, disso não há dúvida; mas é interessante considerar que a Semana Santa seria, aqui na Espanha, o equivalente ao nosso... Carnaval.
Não, não estou dizendo que as pessoas saiam por aí fantasiadas cantando marchinhas, mas a importância sociocultural é mais ou menos a mesma. É o feriado em que os amigos aproveitam para se reunir nas cidades pequenas em que foram criados e a qual os estudantes e trabalhadores esperam ansiosamente por uns dias de descanso. Aqui o domingo de Páscoa é o auge deste feriado prolongado, e o coelhinho que traz chocolate, um mero coadjuvante.
É uma festa religiosa? Sim, e muito! Todos os dias há uma ou mais procissões que povoam as ruas, de maneira superorganizada, e toda uma multidão que sai de casa para assistir. Mas também é uma ocasião social, em que as associações religiosas – ou confrarias – se encontram e reafirmam seu compromisso de participação na respectiva procissão (muitas vezes se usa um capuz para disfarçar a identidade do participante, mas é muito comum ouvir a senhoras comentando que o filho é de tal confraria, e a sobrinha daquela outra etc.), como também celebram a unidade grupo, normalmente com um café da tarde ou lanche na casa do presidente da confraria naquele ano. Faz parte também comparar a presidência de um ano com a dos anteriores, claro – ou mesmo a qualidade do lanche.
Quem não liga muito para o caráter religioso deixa de lado as procissões e missas e aproveita o lado “carnal” da festa: reuniões com os amigos regadas a jamón e vinho – se acontece em uma bodega, ainda melhor! Uma bodega é uma espécie de caverna subterrânea que, por ser escavada na pedra, possui uma temperatura sempre um pouco baixa, ideal para o armazenamento de vinho. Muitas famílias tem a sua própria, organizada e mobiliada, e a utilizam para reunir-se e fazer refeições esporádicas por ali; alguns jovens chamam todo o grupo de amigo para uma pré-balada mesmo.
Seja você religioso ou não, a Semana Santa é um acontecimento na Espanha, e merece ser conhecido. Não perca a oportunidade!

Saiba mais sobre a Páscoa na Espanha aqui.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Onde NÃO se hospedar no Rio de Janeiro

Eu nunca pensei em utilizar o blog como ferramenta para divulgar características negativas de um serviço; entretanto, já que aqui falamos de viagem, nada mais honesto do que contar não só as boas mas também as más experiências que temos nas viagens.
Em janeiro, de férias, resolvi passar uns dias no Rio; procurando hospedagem “em conta”, encontrei uma hostal chamada “Che Lagarto”, que tinha três unidades na cidade (Copacabana, Copacabana Suítes e Ipanema). Apesar de ter recomendações sobre outra hostal, um pouco mais cara, resolvi arriscar nessa, pois era uma rede, com estabelecimentos em diferentes países da América do Sul, etc etc etc.
Ledo engano.
Optei pelo “Copacabana Suítes” e, como sempre sou detalhista planejando viagens, para ficar tranqüila sempre faço reservas antecipadas e checo todos os detalhes; por exemplo, fiz questão de me comunicar por e-mail com a hostal antes para confirmar se aceitavam pagamento em cartão de crédito (por via das dúvidas, já que hoje em dia praticamente qualquer biboca aceita). Não sou nenhuma paranóica, mas a idéia de andar com muito cash no bairro mais turístico da cidade maravilhosa não me agradava muito.
Resposta positiva, reserva garantida com o pagamento da primeira noite via cartão, chego no Rio num dia de sol. Vou direto pra hostal onde, 7 e pouco da manhã, não há nenhum responsável – o tiozinho da segurança que fica ali durante a noite me informa que o recepcionista só chega às 9, mas que se quisesse podia deixar minhas malas num amontoado que havia na recepção. Ok, vamos dar uma volta no calçadão.
Às dez, quando volto, o recepcionista começa a desfazer minha alegria: me informa que não, o pagamento não pode ser feito em cartão de crédito, que não seria aceito em nenhuma das três unidades – e me fez mostrar o email que eu tinha que afirmava o contrário para acreditar no meu argumento. “Ah, foi a central de reservas que mandou... é que ela não fica aqui...”. E, já que foi cobrada a primeira noite do meu cartão de crédito, não podiam cobrar as outras e depois repassar o valor para aquela unidade da Che Lagarto? “Ah... não... é que não funciona assim...”.
Além disso, as diárias teriam que ser pagas em dólares ou, se em reais, a conversão seria feita com uma cotação determinada pelo estabelecimento (o que é absolutamente ilegal), a qual era bastante superior a qualquer cotação do dólar na época. Em seu melhor estilo garoto-carioca-swing-sangue-bom, o rapaz ainda tentou me convencer de que não haveria nenhum problema, afinal havia uma casa de câmbio a poucas quadras dali (?!?!?!?). Diante da minha proposta de somente ficar se eu pudesse pagar em reais com a taxa oficial, depois de muito resmungar ele aceitou conversar com os responsáveis sobre a questão e, como o check-in era só às 14h, lá fui eu Rio afora procurar hospedagem.
Em resumo: quando retornei outra vez para o check-in, o recepcionista reafirmou que não poderia fazer nada e eu, pê da vida, reafirmei que somente que hospedaria durante a noite já paga. Depois de esperar “só uns minutinhos” até que terminassem a limpeza do quarto (que foi liberado com meia hora de atraso), lá vou eu descansar.
Ou melhor, tentar.
A “Che Lagarto Copacabana Suítes” é extremamente barulhenta, sendo impossível não escutar tudo o que acontece, desde a campainha (que tem que ser tocada para que autorizem a entrada de cada hóspede), aos funcionários trabalhando na cozinha ou os hóspedes que resolvem se confraternizar tomando uma cerveja na recepção.
A estrutura do quarto deixa muito a desejar: as fotos bonitinhas do site não mostram que as toalhas estão gastas e perdendo fios e que o chuveiro mais parece um cano; além disso, o lixo dos hóspedes anteriores não havia sido retirado das lixeiras; a do banheiro, inclusive, estava quebrada.


O café da manhã, além de ser servido tarde (azar dos surfistas e de quem curte um solzinho ainda fraco), é bastante simples. Mas o “top of the top” foi um detalhe no check-in: os hóspedes são obrigados a pagar uma taxa compulsória de 5 reais de internet, independente do período em que estejam hospedados. Não gosta, não quer usar ou não está nem aí pra internet? Azar o seu. A menos que você dê piti (como eu), o pagamento é obrigatório – depois sofrer pra usar um dos dois pcs antiquados e lentos é coisa sua.
Fim da odisséia: por sorte consegui encontrar um hotel simples pelo mesmo preço do anterior (considerando o preço orginal, antes da cotação alternativa do dólar estabelecida) – e com TV, rádio, mesa com cadeiras, ar condicionado e frigobar, que não existiam na hostal. O melhor: em plena Av. Nossa Sra. de Copacabana, a uma quadra da praia.
E o Rio de Janeiro continua lindo.

Duas observações:
1. Por que resolvi fazer esse post agora, dois meses depois? Tinha deixado o assunto pra lá, porque nunca publiquei nenhuma crítica negativa aqui no Publicitária & Viajante. Mas hoje recebi por email um questionário de avaliação da minha estadia aí – nem preciso dizer como avaliei, né?
2. Apesar da minha experiência negativa com o estabelecimento, gosto é gosto, e pode ter gente que teve uma boa estadia aí. Mas fatos são fatos: parece que a rede de hostais não prima pela segurança – até assalto aos hóspedes já rolou. Confira aqui: http://oglobo.globo.com/rio/mat/2010/02/20/albergue-assaltado-turistas-roubados-em-ipanema-915902078.asp