sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Portugal 4: O Porto

Adoro todas as cidades portuguesas que conheci, mas confesso: tenho uma quedinha especial pelo Porto. O começo dessa paixonite foi turbulento: depois da noite mal dormida no trem e da passagem relâmpago por Fátima e Coimbra, chegamos à noite no Porto. Como eu tinha checado, chegamos numa estação de ônibus próxima à nossa hostal, que até foi fácil de encontrar. Problema um: apesar da indicação de que aceitaria, a hostal não aceitava cartão de crédito e já não tínhamos o valor para pagar por toda a estadia em cash. Por isso, tivemos que sair em busca de um caixa eletrônico indicado pela recepcionista, próximo do qual havia – em uma definição politicamente correta – algumas profissionais do sexo e alguns rapazes comercializando substâncias ilegais. Numa operação estilo McGyver, com uma vigiando enquanto a outra operava a máquina bancária, conseguimos sacar o dinheiro e financiar nossa hospedagem sem problemas, mas não tivemos muita vontade de sair nesta noite.
No dia seguinte, fizemos um passeio meio instantâneo pela cidade, porque incluía conhecer tudo que encontrássemos pelo caminho e comprar nossas passagens (a minha para a Espanha e da minha amiga para Lisboa). Ela comprou a dela de trem para a manhã seguinte, e eu não encontrei passagem para Salamanca nesse transporte então, como a estação de ônibus internacional era bem distante, fiquei de checar na manhã seguinte (como se eles fossem obrigados a ter sempre viagens internacionais disponíveis...). Obviamente, não encontrei passagem, o que ocasionou uma nova ida à estação de trem e uma resignada volta à mesma estação de ônibus, na qual somente havia passagens para o outro dia – compensando o susto por custar a metade do valor da passagem ferroviária. Depois do susto inicial, a peregrinação entre as estações e a reserva de uma nova noite de estadia na hostal, resolvi aproveitar o tempo que tinha e efetivamente conhecer o Porto. E quer saber? Vista com calma, a cidade me pareceu linda, fácil de locomover e cheia de simpatia lusitana. Além do tradicional vinho que leva o nome da cidade (que além do vasilhame tradicional, pode ser encontrado em mini-garrafinhas, um souvenir perfeito para presentear família e amigos – especialmente o vinho verde, meu preferido), que ganha até um Museu na cidade, há inúmeros outros locais de para se visitar. Também preciso comentar (para justificar a fama dos portugueses em terras tupiniquins) que tem padarias por toda parte! Um sonho para os fãs dos incríveis doces lusitanos.
Alguns lugares que valem a visita:
- Estação São Bento: se você chegar de trem na cidade, será por lá. É linda, toda azulejada.
- Av. dos Aliados/Praça da Liberdade/Prefeitura: ampla, com construções imponentes. Tem o McDonald’s com a aparência mais diferente que já vi, com uma imensa águia na fachada.
- Mercado do Bolhão: como todo bom mercado, um ótimo lugar para acompanhar o dia-a-dia da população e encontrar pechinchas: pãezinhos, flores, panos de prato...
- Cadeia da Relação (Centro Português de Fotografia): minha melhor surpresa na cidade. Acabei indo parar lá sem querer, e descobri uma antiga cadeia transformada em centro de exposições, conservando todas as celas e grades (incluindo uma onde ficou preso o escritor Camilo Castelo Branco, autor de Amor de Perdição – o crime: adultério). O Centro tem um charme sem igual. Ainda dei a sorte de ver uma exposição linda de Georges Dussaud, “Crônicas Portuguesas”.
- Catedral da Sé: construída no séculos XII-XIII. As igrejas da cidade abusam dos azulejos, de um jeito só delas.... aliás, a lateral externa da Igreja de S. Ildefonso é uma coisa incrível, assim como a fachada da Capela das Almas.
- Igreja e Torre dos Clérigos: construção barroca e rococó com torre de 75,60m. Além da ótima visita, foi no entorno dela que encontrei os melhores locais para comprar Vinho do Porto e onde comi minha inesquecível “francesinha” (sanduíche que tem de tudo um pouco, já comentado neste post), no “Forno dos Clérigos”, onde também provei bolinho de bacalhau de doces portugueses. - Café Majestic: lindo e tradicionalíssimo. Em funcionamento desde 1921, fica na Rua Santa Catarina, bem no centro. Além de uma fachada que se destaca de tudo o que você vai encontrar naquela área, tem até sala de exposições e jardim de inverno.
- Praça da Ribeira/Cais da Ribeira: depois de subir e descer muita ladeira (nada muito inclinado, não precisa de preparo físico nenhum), chegamos às margens do Douro, repleta de pessoas, lojinhas e restaurantes. Talvez seja turístico demais, mas a vista é linda. Vale pegar o funicular ou atravessar a Ponto D. Luís e ir para o outro lado do rio, experimentando a vista daquele lado.
- Jardins do Palácio de Cristal: outra vista fantástica. Aliás, vistas, no plural, porque cada lado que olhe, você vê algo diferente. E topei até com pavão por lá, literalmente. - Casa da Música: já um pouco longe do centro, é um espaço de eventos com uma programação muito intensa e diversificada.
Além destes, apenas entre os monumentos principais da cidade há 15 igrejas, 30 museus, casas-museu e centros de exposição, 25 adegas para visitação – isso sem falar naqueles lugares que a gente vai descobrindo, sem querer, passeando despretensiosamente pela cidade. Como não se apaixonar por essa cidade?